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Parauapebas, Pará, Brazil
Empresario,30 anos natural do Tocantins e morando há 30 anos em Parauapebas.

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Fermina Danza

Fermina Daza, sobre o ato de professores, profissionais da saúde e Associação do Complexo Altamira,que aconteceu ontem na Câmara Municipal:

Caso não tenham percebido ou não saibam como nomear o fato, devo dizer que o que essas pessoas fizeram na câmara chama-se história. São homens e mulheres que deixaram o que estavam fazendo nas suas casas e trabalhos, deixaram seus maridos e esposas, seus alunos, seus pacientes, para apostar que há uma possibilidade outra que não a de esperar a próxima eleição pra arriscar sua confiança novamente em alguém que, via de regra, trairá essa confiança. São trabalhadores que, tardiamente e, ao mesmo tempo, no momento certo, perceberam que seus projetos pessoais estão firmemente ligados a projetos coletivos. São vizinhos que se olharam e perceberam nos olhos uns dos outros que há algo que os une: a indignação.

Começa pelos professores que clamam não apenas por eles, mas pelos alunos que estudam com fome, que se exercitam no sol, que assistem aulas ministradas por um profissional que a cada dia adoece mais e mais. Os professores sonham com uma educação que ganhe prêmios por merecimento.

Juntam-se agora nós da saúde. Trabalhamos todos num mesmo espaço, correndo o mesmo risco, mas um profissional recebe 40% de insalubridade, outro 20% e outro nada. Temos uma atenção básica que não consegue cobrir nem metade da população. Um hospital sem consultórios suficientes e que, a população não sabe, mas parte funcionando como posto de saúde – o que vai absolutamente contra a política brasileira de saúde, pois esta, acertadamente, prima pela desospitalização. Um secretário de saúde que foi, por questões políticas, isolado da prefeitura, mas que, por força de acordos tão fortes quanto secretos, mantém-se no poder, apesar de toda a pressão para sua saída.

Como eu ia dizendo, a isso chama-se história. Faz alguns anos, eu cultivei uma torcida fervorosa e contida por um professor que se mostrou confiável e que tinha ares de renovação. Não me arrependo. Não me arrependo de confiar nas pessoas. Se elas me decepcionam é porque não são dignas da minha confiança, e não porque eu sou ingênua. Mas durante esses anos eu aprendi uma coisa: que antes de acreditar em qualquer pessoa que seja, nós precisamos acreditar na gente. Que temos força nos nossos braços e volume na nossa voz pra, num dia qualquer, parar a cidade, varrer o asfalto com nossos passos, fazer-se ouvir por todos os bairros, por quem quer que seja, até por quem sentou-se em uma cadeira posta confortavelmente dentro de um gabinete, e tapou os ouvidos para as conversas que vinham da rua. Por isso: avante professores, médicos, enfermeiros, administrativos, assistentes sociais, psicólogos, fisioterapeutas, donas de casa, estudantes… cidadãos enfim.

Sinceramente,
Fermina Daza
ferminadaza@bol.com.br (para sugestões e ameaças)

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