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Parauapebas, Pará, Brazil
Empresario,30 anos natural do Tocantins e morando há 30 anos em Parauapebas.

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Cidade de Parauapebas cresceu sem estrutura ao lado da mina de Carajás

Cidade de Parauapebas cresceu sem estrutura ao lado da mina de Carajás
Uma cidade sem infraestrutura e com muita pobreza surgiu ao lado da fabulosa mina de Carajás.
Na segunda reportagem sobre a Amazônia, a equipe do Jornal da Globo mostra que ao lado da riqueza da mina de Carajás surgiu uma cidade sem infraestrutura, e com muita pobreza.

Parauapebas é uma cidade improvisada: cheia de favelas e áreas ocupadas irregularmente. Ela nasceu na porta da mina de Carajás. É a pobreza ao lado da riqueza do minério.

A abertura da maior mina de ferro a céu aberto do mundo, em 1979, atraiu trabalhadores de todo o Brasil. Não deu para planejar o crescimento, diz Chico Brito, o primeiro administrador da cidade.

“Até mesmo a abertura de ruas era feita a Deus Dará. Cada um falava: bom, vamos abrir a rua por aqui e iam abrindo a rua mais pra lá e fazendo sua casa, e assim as ruas foram acontecendo”.

Hoje a cidade tem 153 mil habitantes. Apenas 13 por cento das casas têm acesso à rede de esgoto. O fornecimento de água sofre duas interrupções por dia. Isso numa cidade com alta arrecadação - a mina é responsável por mais da metade das receitas do município.

Por que a infraestrutura de Parauapebas é tão precária se tem um PIB per capita semelhante ao da cidade do Rio de Janeiro?

“O recurso que nós temos hoje ele é considerável se você comparar com outros municípios. Porém ele não é suficiente para atender toda a demanda social gerada pela grande migração que vem para o nosso município, que cresce 18% ao ano”, explica Darci Lermen, prefeito de Parauapebas.

O geógrafo João Márcio Palheta, da Universidade Federal do Pará, tem outra explicação. Ele diz que cidades como Parauapebas não sabem aproveitar a riqueza que têm.

“Esses municípios têm que criar capacidade de usar a mineração, não como fim, mas como meio pra atingir outros tipos de atividade econômica, de serviço, de saúde, de educação”.

O engenheiro que criou Carajás, Eliezer Batista concorda. Ele reconhece que houve um erro estratégico no projeto: não prever um polo industrial ao lado da mina.

“A ideia original nossa não era só vender minério de ferro, nós sempre acreditamos que você tem que agregar valor em todo produto. Nenhum país fica rico vendendo matérias-primas ou commodities”.

Desde que surgiu como vila, há menos de 30 anos, Parauapebas atrai gente em busca de emprego. A cidade mantém um forte ritmo de crescimento econômico e tem grande oferta de empregos com carteira assinada. Mas as empresas precisam de montadores de estruturas, mecânicos de manutenção, operadores de máquinas e muita gente chega mo local com pouco, ou nenhuma, qualificação.

Na área rural, a mineradora promove ações de apoio a pequenos agricultores vizinhos da mina. Construiu escolas e incentiva os moradores a viver da terra sem desmatar a floresta. Mas são iniciativas modestas, diante dos problemas agrários. A concentração de população pobre transformou a área de Carajás em uma das mais violentas da Amazônia.

Foi nessa região, em Eldorado dos Carajás, que aconteceram as mortes de 19 sem-terra, em abril de 1996.

O tiroteio aconteceu exatamente aqui, nesta curva na rota de serra pelada e da mina de Carajás. Um fato marcante que é lembrado por este monumento, feito com troncos da árvore que é símbolo da região: a castanheira.

O geólogo que descobriu Carajás, Breno Augusto dos Santos, no meio da mata virgem em 1967 e que vê hoje a mina transformada numa ilha de excelência cercada por terra arrasada, está desolado.

“Aqui desmata tudo. Beira de rio, crista de montanha. Tudo. Quer dizer, é uma ocupação desordenada. É um saque que esta sendo feito na região. Podia ter fazendeiro, podia ter o pequeno proprietário, desde que tivesse havido políticas, desde o governo militar ate hoje, que tivesse feito uma ocupação planejada. Aqui não, a ocupação é na base do faroeste. Quer dizer é o mais forte, o mais poderoso, fica com a terra”.

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