A julgar pelos pronunciamentos de alguns vereadores na sessão de terça-feira, 29, a relação do Poder Legislativo com o Executivo sofrerá mudanças sensíveis, a partir do segundo semestre.
Nos pronunciamentos feitos durante o Grande Expediente, Odilon Rocha de Sanção (PMDB), Francis Resende (PMDB), Wolner Wagner (PSDC), Percília Rosa Martins (PRTB) e Adelson Fernandes (PDT) criticaram duramente a administração municipal, que segundo eles, depois de um ano e seis meses não disse a que veio. De acordo com os parlamentares, está na hora de uma atitude mais drástica por parte do Legislativo.
A nova posição dos vereadores vem a se somar a oposição solitária que Faisal Salmen (PSDB) vem fazendo desde o início do segundo mandato do prefeito Darci Lermen.
A insatisfação dos vereadores há algum tempo tem se manifestado. Há cerca de 20 dias, a Câmara foi palco de uma barulhenta manifestação de populares. Além dos professores, que reivindicaram reajuste salarial, moradores dos bairros que compõem o Complexo Altamira lotaram as dependências da Câmara e exigiram melhorias para os bairros, que estão completamente abandonados pelo Poder Público.
Os ânimos estiveram exaltados e vereadores que esboçaram alguma defesa ao governo municipal foram vaiados demoradamente.
Reação
Na sessão, Odilon Rocha, Adelson Fernandes, Antônio Massud e Francis Resende hipotecaram apoio aos manifestantes e anunciaram que não havia como defender o governo.
Desde então a Câmara tem dado mostras que não vai mais tolerar o desgoverno instalado no município. “demos todas as chances a esse prefeito, mas a verdade é que vivemos uma situação muito preocupante”, confessara um vereador à reportagem, há 15 dias.
A manifestação dos vereadores é reflexo das cobranças da comunidade, que começa a culpar o parlamento municipal de omissão, de permitir que pessoas descomprometidas com o destino do município, quase todas forasteiras dilapidem o patrimônio público.
Na sua fala, Odilon afirmou que estava fazendo uma análise de seu mandato e chegara a conclusão que falhara com os deveres de parlamentar. “Demos tempo para que o governo apresentasse iniciativas, mas nada acontece. O governo não faz é porque não tem compromisso”, disse, enumerando as obras inacabadas, como o hospital e a ponte. Para ele, as estradas rurais estão sem recuperação, os alunos prejudicados com má qualidade da merenda escolar e até a tarifa de água, que em alguns casos sofreu reajuste de 400%, “nós precisamos fiscalizar mais e fazer CPI quando for necessário”, finalizou.
Assim como seu companheiro de partido, a vereadora Francis Resende também se disse decepcionada com os resultados da administração municipal, “parece que a nossa classe política não gosta de Parauapebas, já que não cuida dela, espero que no próximo semestre nós possamos ser menos condescendentes com o governo” .
Mais comedida, a vereadora Pecília elogiou alguns secretários e disse que o prefeito Darci deveria achar o rumo do seu governo. Ela citou que a maioria dos seus pleitos em prol da comunidade não eram atendidos.
Wolner Wagner também se mostrou preocupado com o governo, que segundo eles estava meio perdido, “espero que ele consiga se encontrar”.
A exemplo do vereador Odilon, Adelson Fernandes foi muito contundente. O vereador do PDT disse que o prefeito tinha tido tempo, mas não realizara nada, “é tempo desse governo tomar uma atitude, porque se ele não tomar, a Câmara vai tomar”, disse.
Defesa do governo
Os vereadores do PT, José Alves e Raimundo Vasconcelos tentaram uma débil defesa do governo, mas não obtiveram êxito. Eusébio Rodrigues, também do PT limitou-se a elogiar o governo Lula, o que arrancou o seguinte comentário do vereador Odilon: “vossa excelência fala muito do governo Lula, mas não fala nada do governo municipal, eu queria saber da questão local”.
Apesar de satisfeito com a possível adesão de outros vereadores à hoste oposicionista, Faisal Salmen disse que os vereadores precisam ter a consciência que poderiam ser muito efetivos porque tinham número para instalar CPI quando houvesse necessidade.
Apesar de essas manifestações serem prenúncios de que alguma coisa vai mudar nas relações entre os dois poderes, não se deve apostar todas as fichas na idéia de que a Câmara vá finalmente cumprir o seu papel fiscalizador. O histórico do Legislativo é recheado de rasgos de indulgência com o Executivo. Não se tem notícia de CPIS instaladas pela Câmara para investigar ações de nenhum prefeito, e olha que motivos não faltaram. Nem agora, nem no passado.
Parabéns pelo blog, que está muito bacana, acompanho seu trabalho e sei do seu zelo por mais ética na política. Continue assim. A propósito dessa postagem, não esqueça de dar o crédito ao material que é pinçado de outros meios de comunicação, pois esse é o bâ-a-bá do jornalismo.
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